.                                                                         Estádio Moses Mabhida

Conheça as características técnicas dos diferentes tecidos estruturais para coberturas e os cuidados para contratar projetos com a tecnologia.

Leveza, versatilidade, rapidez de instalação e redução de desperdícios em obra. Esses são alguns dos atributos da tensoestrutura, sistema construtivo composto por membranas e cabos de aço tracionados que conseguem vencer grandes vãos com facilidade e economia. Daí sua participação expressiva em obras de grande porte no mundo todo, como o Aeroporto de Denver, nos Estados Unidos, e o Estádio Moses Mabhida, em Durban, África do Sul.

No Brasil, a tendência de expansão das estruturas de membrana, como também são chamadas, resulta de seu emprego nas coberturas dos estádios  da Copa-2014, como o “Mané Garrincha”, em Brasília; o Fonte Nova, em Salvador; o Novo Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Beira-Rio, em Porto Alegre. “As tensoestruturas oferecem, como vantagem, a possibilidade de vencer os grandes vãos necessários para a cobertura total das áreas com assentos nos estádios modernos”, afirma o arquiteto Eduardo de Castro Mello, da Castro Mello Arquitetura Esportiva, escritório responsável pelo projeto da arena brasiliense.

Para Castro Mello, os novos projetos dos estádios para a Copa-2014 não só consolidaram o uso das tensoestruturas no País, como também contribuíram para trazer maior conhecimento e experiência sobre o sistema construtivo, por meio das parcerias com escritórios especializados, como os alemães Gerkan, Marg und Partners (GMP) e Schlaich Bergermann und Partner (SBP).

O engenheiro Ruy Marcelo de Oliveira Pauletti, professor do departamento de engenharia de estruturas e fundações da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), vê grande potencial de crescimento das estruturas de membrana em obras de infraestrutura brasileiras, sobretudo em terminais de passageiros de aeroportos, trens, metrô e ônibus.

O principal elemento que caracteriza as tensoestruturas são as membranas, feitas de materiais compósitos dentre os quais se destacam três: o tecido de fibra de vidro coberto com politetrafluoretileno (PTFE), o mais durável de todos; o tecido de poliéster revestido com PVC, cujo uso está em expansão; e os filmes de etileno-tetrafluoretileno (EFTE), presentes em estruturas pneumáticas como a do Water Cube, o Centro Aquático dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Mais baratos, fáceis de trabalhar e com resistência mecânica muitas vezes equiparável à do tecido de fibra de vidro revestido com PTFE, os tecidos de poliéster ganham cada vez mais espaço no mercado da construção. “Quem opta por fios de poliéster, no entanto, deve ser criterioso na escolha do fornecedor, pois há uma grande variabilidade na composição dos produtos e, consequentemente, em seu desempenho”, acrescenta Pauletti.

Cabos de aço, mastros, masteletes, arcos e peças de acabamento como esticadores, chapas e parafusos (em aço inox ou de alumínio) atuam em conjunto com a membrana para que a tensoestrutura resista aos carregamentos externos estáticos ou dinâmicos. “Tão importantes para a estabilidade das estruturas de membrana – sejam elas temporárias ou permanentes – são as fundações, que podem ser de estacas cravadas, blocos, contrapesos metálicos, radier e de elementos estruturais existentes. As estruturas pneumáticas, por sua vez, são assentadas diretamente no solo”, acrescenta a engenheira civil Sasquia Hiruzu Obata, coordenadora do curso de pós-graduação em construções sustentáveis da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Projetos emblemáticos

Um dos pioneiros no emprego de tensoestruturas, o engenheiro e arquiteto alemão Frei Otto construiu obras notáveis como o pavilhão para a Expo de 1967, em Montreal, e o Estádio Olímpico de Munique, em 1972. Otto, que se baseava em modelos orgânicos para criar suas estruturas, foi o fundador de importantes núcleos de desenvolvimento e pesquisa na área de tensoestruturas, como o Centro de Desenvolvimento de Construções Leves, em Berlim, e o Instituto de Estruturas Leves, na Universidade de Stuttgart.

Expo de 1967

“As obras de Frei Otto forneceram as bases conceituais e os princípios de todas as tensoestruturas que hodiernamente temos”, comenta a engenheira civil Sasquia Hiruzu Obata, coordenadora do curso de pós-graduação em construções sustentáveis da FAAP. Além das construções de Otto, Sasquia também referencia outras construções emblemáticas no uso de estruturas de membranas, dentre elas o Projeto Eden, de Nicholas Grimshaw & Partners e Anthony Hunt Associates, jardim botânico localizado na Cornuália, Inglaterra, que possui a maior estufa do mundo.

Ruy Marcelo de Oliveira Pauletti, professor do departamento de engenharia de estruturas e fundações da Poli-USP, destaca, ainda, o uso de tensoestruturas no Rosa Parks Transit Center, em Detroit, Michigan, nos EUA, e as estações de metrô de Santiago do Chile, projetadas pela empresa Cidelsa.