A mais longa ferrovia de alta velocidade do mundo, que interliga a capital chinesa Pequim e a cidade de Guangzhou, completou um ano em operação. Ao longo deste ano, foram transportados mais de 95 milhões de passageiros. Com 2.800 km de extensão, a ferrovia liga a região norte, central e sul da China com paradas em 35 cidades, e a viagem dura apenas 8 hs numa velocidade media de 300Km/h.

Localizada no centro da região do Rio Pérola, a Estação Ferroviária Sul de Guangzhou, fica entre as cidades de Guangzhou e Foshan. Projetada pelo escritório de arquitetura britânico TPF Farrels, esta estação multi-modal atende uma área de influência de mais de 300 milhões de pessoas.

Concluída no ano de 2010, Guangzhou é uma das maiores estações de trem do mundo, aproximadamente três vezes maior do que a Estação Kings Cross de Londres. Além dos serviços ferroviários, a estação é um ponto significativo de baldeação de outros meios de transporte, incluindo táxis, carros, metrôs e ônibus. Em 2030, o fluxo de passageiros ultrapassará a marca de 300.000 de pessoas por dia.

Com o intuito de acomodar este grande volume de passageiros transitando pelo espaço, foi adotado um programa de organização vertical. As linhas de metrô e o saguão estão localizados nos dois níveis do subsolo. Todas as chegadas de trens estão no nível térreo que se conectam direto com outros meios de transporte, incluindo o metrô abaixo. Os embarques se situam em um saguão elevado com grandes salas de espera e vista para as plataformas que estão abaixo deste nível. Localizadas entre os níveis de embarque e de chegada estão as 28 plataformas dedicadas aos trens de alta velocidade.

Corte

Os átrios estão localizados nas entradas principais da cidade para o interior da estação, situadas nas extremidades. Estes átrios unem o saguão elevado dos embarques e o hall de espera com o saguão do nível térreo por onde são realizadas as chegadas dos passageiros.

O saguão de embarques dispõe de estabelecimentos de comida e bebida e salas de espera espaçosas para o maior conforto do passageiro. Dividindo a cobertura principal, há uma claraboia central que se estende como uma espinha dorsal de 348 metros de comprimento, mais larga próxima às entradas e mais estreita próxima ao centro, indicando uma rota de circulação para os embarques.

                                                                   

A claraboia é construída com uma grelha diagonal metálica, de forma abobada e cilíndrica, revestida com colchões de ar ETFE que proporcionam o máximo de iluminação natural para o interior da estação enquanto minimizam o ganho de calor. As formas da cobertura são abóbadas reminiscentes dos saguões tradicionais das estações ferroviárias vitorianas. Entre os trilhos da ferrovia, outras claraboias possibilitam que a luz natural atinja também o nível térreo que é o piso de chegada.

Outra diretriz por trás do projeto de TFP foi o desejo em auxiliar na orientação do passageiro através da organização da planta da estação. O uso de vãos livres de 68 metros cria salas de espera livres de pilares no saguão elevado, enquanto os passageiros nos outros níveis desfrutam de conexões visuais com elementos como escadas, elevadores, entradas e outras facilidades similares.

Os temas principais de projeto são a conexão entre Guangzhou e Foshan de ambos os lados da estação e a oportunidade oferecida por este terreno de criar uma estação “jardim” que funciona como um catalisador para o desenvolvimento de uma nova área urbana. O plano de massas se direciona a ambos os distritos com a criação de duas praças urbanas que constituem a entrada da estação. A geometria das coberturas das entradas continua de um lado para o outro por meio de uma espinha central. Esta espinha configura o saguão principal no nível do embarque que compreende uma série de áreas ajardinadas com salas de espera em ambos os lados. Para garantir que a estação funcione como um elemento unificador na nova cidade, os trilhos são elevados, permitindo o acesso livre de pedestres no nível de chegada.

                                             

 

A forma é o resultado direto do programa da estação. A espinha significa a conexão entre as praças; a cobertura central que se conecta a espinha define a extensão do fechamento climático no nível superior. A combinação de claraboia e cobertura curva cria uma definição positiva e expressiva do espaço de circulação, proporcionando ao passageiro um senso claro de orientação.

Projeto: TPF Farrels
Construção: 2010 Estrutura: Aço e Concreto
Fonte: TPF Farrels (http://www.tfpfarrells.com/) / ArchDaily (http://www.archdaily.com/)
Fotos: Nick Hufton

 

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