Steel Frame – A construção inteligente

O sistema construtivo Steel Frame ou Light Steel Frame é um dos sistemas mais utilizados no mundo. No Brasil, seu uso vem crescendo muito nos últimos anos, várias pessoas e construtoras já se beneficiaram pela utilização deste sistema, e estão indicando para seus clientes, familiares e amigos.

Meu objetivo com este artigo é compartilhar como conheci o Steel Frame, porque gostei tanto do sistema e, principalmente, como o sistema funciona na prática.

Vontade de ir além…

Você imagina o porquê desse subtítulo?

Para responder esta pergunta, vou lhe contar um pouquinho da minha história. Era recém-casado e estava me preparando para dar um grande passo em minha vida: iniciar a construção de minha casa própria. Como a maioria dos brasileiros, eu já conhecia bem o sistema convencional de alvenaria. Porém, diferente da maioria, eu via muitos problemas nele.

Para ser breve, vou citar apenas os principais: a sujeira, o grande consumo de água, a enorme quantidade de entulho produzido, a dificuldade de se cumprir o prazo de entrega e a falta de precisão com os detalhes. Para piorar, não faltavam histórias de amigos que começaram a construir com um orçamento, e depois de gastar o dobro do planejado, a casa ainda não estava pronta.

Algumas pessoas conseguem contratar pedreiros bons, outras não. Porém, a maior parte dos problemas da alvenaria não estão relacionados ao pedreiro propriamente, mas sim ao nível artesanal e empírico do sistema em si. Eu buscava uma solução construtiva mais tecnológica, que fosse ambientalmente sustentável e, ao mesmo tempo, financeiramente viável.

Foi no meio dessa longa pesquisa que descobri o Steel Frame e, após aprofundar no tema, participar de treinamentos e visitar obras no Brasil e no exterior, não restaram dúvidas: havia encontrado a solução que idealizava. Comecei a construir a minha casa, que semanalmente recebia visitas de amigos (que ficavam tão curiosos!) e de várias pessoas que não entendiam como aquela “gaiola” poderia virar uma casa.

À medida que a obra evoluía e a construção tomava forma, as vantagens falavam por si sós. Minha casa se tornou meu cartão de visitas, tanto que meus primeiros clientes tomaram a decisão de me contratar após visitarem o “Show Home” – como ficou conhecida. E foi assim que nasceu a Fastcon Construção Sustentável, uma empresa de construção 100% brasileira, especializada em Steel Frame.

Para mim, o Steel Frame ou Light Steel Frame é, sem dúvida, uma evolução na construção civil.

O que é Steel Frame

O Steel Frame é também chamado de construção seca. Recebe este nome justamente por não utilizar água no canteiro de obras, com exceção da parte da fundação. Ele surgiu como uma evolução do Wood Frame, sistema utilizado nos Estados Unidos há séculos, que tem o mesmo conceito estrutural do Steel Frame, porém utiliza madeira ao invés de aço. O uso de aço seria um passo além no sistema.

As fotos a seguir mostram duas casas feitas de Wood Frame nos Estados Unidos, com as datas em que foram construídas. Com certeza passaram por reformas, mas a estrutura é a mesma por quase 400 anos!

O Steel Frame foi apresentado pela primeira vez nos EUA, na Feira da Construção de Chicago, por volta de 1933. Porém ganhou total força após a II Guerra Mundial, atuando na reconstrução de vários países europeus e do Japão. (Havia um déficit de 4 milhões de habitações no Japão no fim da guerra.) É uma construção muito dinâmica. Isso ocorre porque, sendo industrializada, torna-se uma construção muito rápida, além de ser sustentável e de alto desempenho. Vamos ver agora, acompanhando as imagens, como é constituído esse sistema do Light Steel Framing.

A anatomia da construção em Steel Frame

Como não usa tijolos, a construção em Steel Frame segue uma lógica diferenciada em relação à alvenaria, chegando contudo, num resultado visual semelhante, porém muito superior em precisão e qualidade.

1. Parede externa

Como você pode ver na figura acima, esta é a estrutura de uma parede externa. Essa combinação de elementos tem uma razão de ser. Cada componente exerce uma função específica, visando garantir uma fachada resistente, durável e bonita.

Descrição de cada componente:

Estrutura – A estrutura é composta de aço galvanizado que recebe um tratamento anticorrosivo especial, que lhe confere vida útil superior a 100 anos. Para construções próximas ao mar, utilizamos uma camada mais espessa de galvanização.

OSB– A placa de OSB (Oriented Strand Board) é um painel constituído de tiras prensadas de madeira reflorestada, o que aumenta sua resistência mecânica em relação a uma chapa de madeira comum. É usada como contraventamento da estrutura de aço.

As construções de Steel Frame oferecem grande resistência a terremotos, tempestades e tufões, e boa parte dessa resistência é garantida pelo OSB. (Mesmo que isso não faça diferença aqui no nosso país, é uma amostra do desempenho do sistema.)

Membrana – Toda a estrutura externa é “embalada” com uma membrana especial – a barreira de vapor.
Essa membrana funciona como nossa pele. Impede a entrada de umidade, mas permite a transpiração da edificação. Assim, os problemas com mofo e infiltrações são coisas do passado.

A partir da membrana, existem diversos materiais e tecnologias que podemos empregar para o revestimento das paredes externas. Mas, como a placa cimentícia é o revestimento mais utilizado devido à sua semelhança com o reboco, foi a ilustração que utilizei.

Placa cimentícia – Essa placa é composta por uma massa de cimento reforçada com fibra de vidro, resultando em chapas com grande planicidade e estabilidade dimensional. (Traduzindo: a parede vai ficar bem plana e vai sofrer menos deformação com a variação de temperatura.)

Base coat – As placas cimentícias recebem um acabamento especial chamado base coat. Esse acabamento nada mais é do que uma massa aplicada em toda a extensão da parede, responsável por sua impermeabilização e seu aspecto monolítico. (Significa que faz “sumir” as juntas e a parede fica toda por igual).

Revestimento – A partir do base coat, a parede é tratada de forma convencional. Pode receber pintura, textura ou qualquer outro tipo de revestimento, tal como pedras, porcelanato ou madeira.

E depois de acabada, a aparência é igual a de uma parede de alvenaria. Ninguém é capaz de identificar visualmente se a casa foi feita de uma forma ou de outra. Há ainda a opção de deixar as placas cimentícias à vista, apenas resinadas, o que pode criar um efeito muito agradável dependendo do empreendimento.

Lã de vidro – Entre as faces da parede, utilizamos lã de vidro ou lã de PET como isolante, o que garante alto desempenho termoacústico. No dia a dia dos moradores, “alto desempenho termoacústico” é um termo que resume três benefícios básicos:

– A parede tem grande capacidade de manter a temperatura interna mais estável, ou seja, o ambiente fica mais fresco no verão e mais aconchegante no inverno.
– Como resultado, há grande economia de energia com climatização.
– Além disso, o isolante diminui a transmissão de sons, tanto do meio externo para o interior da edificação, quanto de um ambiente para outro.

2. Parede interna

A parede interna é muito semelhante à externa. Porém, é chamada de drywall que é feita com gesso acartonado (material muito utilizado na construção civil nos Estados Unidos).

Para eliminar as emendas no encontro das placas de drywall, utilizamos uma fita microperfurada com massa niveladora, especialmente desenvolvida para esse fim, o que garante uma parede totalmente plana e sem fissuras a longo prazo. É o chamado tratamento de juntas. Depois do tratamento de juntas, a parede pode receber pintura, textura ou qualquer outro tipo de revestimento, tal como pedras, porcelanato ou madeira.

À primeira vista, o aspecto da parede acabada não tem diferença da convencional. Mas para quem gosta de detalhes, é uma parede bem mais lisa e com uma precisão incrível no esquadro e no prumo.
PS.: Não confunda a parede de drywall do Steel Frame com as divisórias de drywall. Apenas as placas utilizadas como fechamento são as mesmas.

Entretanto, a parede do Sistema Light Steel Framing é muito mais robusta, pois utiliza perfis estruturais e é contraventada. Portanto, é muito mais resistente e flexível em relação à fixação de objetos pesados nas paredes. Existem buchas próprias para drywall, que suportam até 30 Kg por ponto de fixação.

3. Laje

Para a construção das lajes, seguimos o mesmo princípio das paredes: uma estrutura metálica leve, revestida com placas de OSB, que recebe um contrapiso armado e o respectivo acabamento. A lã de vidro na laje também cumpre papel extremamente importante, impedido que barulhos gerados no andar superior causem desconforto no andar inferior.

Novamente, depois de acabada, não há diferença na laje em relação ao sistema convencional. Tanto na aparência quanto na sensação (a laje não parece oca, como muitos podem pensar, pelo contrário, é bem firme e parece uma laje de concreto mesmo).

4. Cobertura

     
Geralmente, utilizamos a estrutura metálica galvanizada para a cobertura. Essa estrutura tem grandes vantagens, sendo as principais a leveza, a resistência estrutural e a resistência a cupins e outros parasitas. Além de vencer grandes vãos com facilidade. Entretanto, nada impede que para telhados com estrutura aparente seja utilizada a madeira, como na foto abaixo.

O Steel Frame é um sistema construtivo bem flexível, que se integra perfeitamente com diversas soluções já utilizadas na construção. Temos várias opções de cobertura. As principais são:

Telha metálica termoacústica

Telhas Shingle

Telhas coloniais

Telhado Verde

Lajes impermeabilizadas

Para as lajes impermeabilizadas as temos duas opções:

A laje mista:

Utiliza o mesmo sistema descrito no item laje, com a aplicação de manta asfáltica para a impermeabilização.

A laje seca:

Nesse tipo de laje, o contrapiso é substituído por uma camada de XPS (um polímero super resistente com alto índice de isolamento térmico). E por fim uma impermeabilização com manta de PVC ou TPO. A laje seca é uma solução sensacional, pois é extremamente leve e com ótimo desempenho térmico.

Para quem pensa em fazer um telhado verde, que é uma tendência da arquitetura sustentável nos últimos anos, tanto a laje seca quanto a laje mista são ótimas opções, pois são bem mais leves que as convencionais.

Não há diferença nos materiais e no sistema utilizado nas instalações elétricas em uma construção convencional e no Steel Frame. Utilizam-se os mesmos quadros de distribuição, mangueiras condutoras, caixas de passagem e cabos condutores. Porém, há uma vantagem enorme: não é necessário quebrar a parede para passar as instalações. Tudo é feito antes do fechamento de drywall, economizando tempo, material e mão de obra.

6. Instalações hidráulicas

Já o sistema de instalação hidráulica é bem diferente. Utilizamos tubos de polietileno reticulado ( SISTEMA PEX), tanto para as instalações de água fria, quanto para as de água quente.

 
As conexões e os distribuidores são de bronze, o que garante vida útil prolongada, livre de corrosões e entupimentos, além de resistência a temperaturas superiores a 100ºC. As mangueiras PEX são flexíveis, e possuem a vantagem de percorrer do ponto de distribuição até o ponto de consumo sem emendas. Por isso, o número de conexões é bem reduzido, o que evita vazamentos, queda de pressão, e triplica a produtividade de instalação. Os quadros de distribuição são pré-montados e testados na fábrica, garantindo agilidade no canteiro de obra, diminuindo problemas com vazamentos e retrabalho.

Bom, com isso você conheceu a estrutura e a anatomia do Steel Frame. Na próxima parte, vou apresentar as principais vantagens do sistema. Preparado(a)? Então vamos lá!

Autor: Lucas Gouveia